Colisão na BR‑251 reacende debate sobre segurança: um morto e lições para quem cruza o Norte de Minas

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Colisão na BR-251 reacende debate sobre riscos na rodovia, com veículos danificados e presença da polícia no local do acidente.

Colisão na BR‑251 reacende debate sobre segurança: Sábado cedo, 8 h em ponto. Quem seguia pela BR‑251 rumo a Salinas esperava apenas mais uma viagem entre curvas e morros. Mas, no quilômetro 298, o trajeto sossegado deu lugar a uma cena que, infelizmente, não é rara no trecho: uma carreta e um caminhão se chocaram de frente, matando o motorista da carreta e deixando o condutor do caminhão com ferimentos leves.

A pancada forte, o barulho de metal retorcido e a fumaça subindo chamaram atenção de quem passava. Em minutos, o acostamento ficou tomado por curiosos, e o fluxo de veículos pesados — comum na rota que liga Montes Claros à divisa com a Bahia — precisou ser interrompido. Se você costuma pegar essa estrada, já deve ter se perguntado: “Será que eu estou realmente seguro atrás do volante?”


Colisão na BR‑251 reacende debate sobre segurança: Manhã de resgate intenso

Cena da colisão na BR-251 que reacende o debate sobre a falta de segurança na rodovia, com veículos avariados e clima de tensão no local.
Foto: Corpo de Bombeiros

O Corpo de Bombeiros de Salinas chegou rápido, mas encontrou um cenário complicado: o motorista da carreta, preso às ferragens, já não apresentava sinais vitais. Coube aos militares realizar o desencarceramento com o cuidado de não comprometer novos exames periciais. Enquanto isso, o motorista do caminhão, atordoado, era atendido pelo Samu na beira da pista — escoriações leves, mas um susto que vai ficar na memória por muito tempo.

Quando se fala em acidentes com veículos de carga, cada minuto conta. Além do perigo imediato, há o risco de vazamento de combustível ou carga espalhada pelo asfalto, o que pode provocar novos sinistros. Nesse caso, felizmente, não houve carga perigosa nem derramamento significativo. Mesmo assim, Polícia Rodoviária Federal, guincho credenciado e técnicos da perícia se juntaram à força‑tarefa para liberar a via com segurança.


Trecho temido por quem dirige pesado

Não é exagero dizer que a BR‑251 virou sinônimo de apreensão para caminhoneiros e carreteiros que ligam o Sudeste ao Nordeste. O quilômetro 298, onde aconteceu o choque, fica a poucos minutos do entroncamento com estradas vicinais que levam a fazendas de eucalipto e plantações de banana. O movimento de carretas bi‑trem, somado a curvas fechadas e acostamento irregular, torna o ponto crítico.

Pergunte a qualquer motorista das transportadoras de Montes Claros: quase todo mundo tem uma história de susto na BR‑251. Pode ser um boi que escapou da cerca, uma ultrapassagem mal calculada ou mesmo um pneu que estoura em descida longa. A sensação é de que o roteiro, bonito de se ver, cobra caro se o condutor baixar a guarda.


Estatísticas que preocupam

Segundo dados do Batalhão de Polícia Rodoviária, só nos seis primeiros meses de 2025 a rodovia registrou mais de 70 acidentes, oito deles com mortes. Se a conta parece alta, lembre que o fluxo diário ultrapassa mil caminhões — muitos carregados com grãos vindos de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, ou com produtos industrializados rumo a São Paulo. Ou seja: basta um erro para o prejuízo humano e econômico ser enorme.

Especialistas em trânsito apontam três vilões constantes:

  1. Fadiga do motorista — jornadas longas sem descanso adequado.
  2. Pista estreita em alguns trechos, sem faixa de domínio suficiente.
  3. Ultrapassagens indevidas, motivadas por pressa ou excesso de confiança.

No acidente de sábado, a causa exata ainda será confirmada pelo laudo da Polícia Civil, mas testemunhas relatam que a carreta pode ter invadido parcialmente a pista contrária numa curva suave. Detalhes como esses ajudam a traçar planos de prevenção eficazes.


Onde o poder público entra

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) promete duplicar segmentos da BR‑251 entre Salinas e Francisco Sá, mas obras de grande porte não acontecem de uma hora para outra. Enquanto isso, prefeituras vizinhas tentam minimizar danos instalando faixas reflexivas e ampliando patrulhamento nos horários de pico.

A Federação das Empresas de Transporte de Carga de Minas Gerais (Fetcemg) também pressiona por mais pontos de parada seguros, onde caminhoneiros possam descansar sem medo de roubo de carga. “Só com a combinação de pista boa e motorista descansado vamos derrubar esses números”, resume João Lessa, representante da entidade no Norte de Minas.


O impacto na vida de quem depende da rodovia

Não é só sobre chegar ou não ao destino. A cada carreta parada, mercadorias atrasam, produtores perdem janelas de entrega e cidades menores sofrem falta de suprimento. Em Salinas, famosa pela cachaça artesanal, grande parte dos insumos chega pela BR‑251. Um engarrafamento de horas na altura do km 298 significa caminhão de vidro esperando liberar pista e fábrica parando envase.

Para famílias que vivem em vilarejos próximos, o cenário também é complicado: muitas mães levam filhos para escola em ônibus que trafegam na mesma rodovia. Um acidente grave atrasa aulas, consultas médicas e toda a rotina.


Dicas simples para quem pega estrada

Enquanto duplicações e melhorias não vêm, a regra é reforçar a autoproteção:

  • Mantenha distância maior que o usual ao seguir caminhões carregados. Eles precisam de mais espaço para frear.
  • Não insista em ultrapassagem se tiver dúvida: esperar um minuto pode salvar vidas.
  • Atenção dobrada sob chuva: óleo de carga pesada se mistura à água e deixa o asfalto traiçoeiro.
  • Revise pneus, freios e faróis sempre que for encarar a BR‑251 ao amanhecer; a neblina da época seca é traiçoeira e reduz visibilidade.

Parece conselho de pai, mas, quando se trata de estrada mineira, o famoso “devagar se vai ao longe” nunca sai de moda.


Vozes da estrada

A estudante Larissa Guedes, que viajava a passeio para Montes Claros, presenciou o resgate e contou que ficou surpresa com a organização do socorro: “Chegou bombeiro, Samu, polícia… tudo em poucos minutos. Mesmo assim, ver o motorista sem vida choca qualquer um”. Já o caminhoneiro baiano José Lopes, parado no acostamento à espera da liberação, reforçou a sensação de urgência: “A gente roda dia e noite, mas sabe que basta cochilar no volante pra dar tragédia”.

Esses relatos humanizam números frios e mostram que atrás de cada estatística há famílias, sonhos e histórias interrompidas.


Caminho para frente

Reconhecer o problema é o primeiro passo. Projetos como o Observatório Nacional de Segurança Viária defendem campanhas educativas específicas para motoristas de carga, abordando temas como sono, alimentação e manutenção preventiva. Em paralelo, governos estadual e federal precisam acelerar obras prometidas e ampliar fiscalização.

Enquanto isso, fica a responsabilidade individual. Se você vai cruzar o Norte de Minas nos próximos dias, planeje paradas, ajuste velocidade e pense duas vezes antes de “forçar a barra” numa curva. A BR‑251 é bela, corta áreas de serra que arrancam suspiros, mas cobra pedágio alto de quem desrespeita seus limites.

No fim, a meta é simples: que cada viagem termine com abraço na chegada, não com sirene ecoando pelo asfalto. Dirija por você — e por quem divide a pista com você.


 Fotos: CBMMG/Divulgação/

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