A recente decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros reacendeu a tensão entre o governo brasileiro e o ex-deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A polêmica ganhou ainda mais força após uma postagem de Eduardo em apoio às medidas do ex-presidente americano Donald Trump. A reação foi imediata: parlamentares governistas entraram com pedidos no STF para que ele seja investigado e punido.
O que Eduardo Bolsonaro fez para gerar tanta repercussão?
Tudo começou com uma mensagem publicada por Eduardo Bolsonaro na rede social Truth Social, bastante usada por apoiadores de Trump. Nela, ele agradeceu a Trump pelas sanções contra o Brasil e aproveitou para fazer críticas ao cenário político brasileiro.
Na publicação, Eduardo escreveu:
“Obrigado, presidente Donald J. Trump. Espero que as autoridades brasileiras agora tratem esses assuntos com a seriedade que merecem. O Brasil não pode — e não vai — se tornar outra Venezuela, Cuba ou Nicarágua. Deus abençoe os Estados Unidos, Deus abençoe o Brasil.”
A fala, por si só, já é bastante pesada. Mas o que mais chamou atenção foi o tom de aprovação ao tarifaço americano, como se isso fosse uma forma de pressionar o governo e as instituições brasileiras. A repercussão foi imediata.
STF entra em cena: parlamentares pedem investigação e punição
Não demorou para que deputados aliados ao governo agissem. Eles pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que adote medidas contra Eduardo. Entre os pedidos estão:
- Bloqueio de bens, como imóveis e contas bancárias;
- Investigação por crimes contra a soberania nacional;
- Acusação de obstrução de Justiça e coação no curso do processo;
- E até mesmo prisão preventiva.
Essas solicitações foram encaminhadas ao ministro Alexandre de Moraes, responsável por diversos inquéritos que investigam tentativas de golpe de Estado e atos antidemocráticos.
Erika Hilton, Lindbergh Farias e Rogério Correia lideram os pedidos
Três nomes se destacam entre os parlamentares que entraram com pedidos contra Eduardo:
Erika Hilton (PSOL-SP)
A deputada quer o bloqueio dos bens de Eduardo, inclusive de repasses do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Para ela, há uma clara articulação com um governo estrangeiro com o objetivo de enfraquecer o Brasil politicamente e economicamente.
Ela declarou:
“As declarações públicas e reiteradas evidenciam uma articulação coordenada com o governo estrangeiro para impor sanções econômicas ao Brasil, como forma de coerção e chantagem política.”
Lindbergh Farias (PT-RJ)
O ex-senador e atual deputado federal foi mais longe. Ele pediu a prisão preventiva de Eduardo Bolsonaro, alegando que ele atua como um “agente de interesses estrangeiros”. Lindbergh também alertou para o risco de fuga internacional e disse que Eduardo mantém uma narrativa golpista de fora do país.
Segundo ele:
“Eduardo Bolsonaro atua não como representante do povo brasileiro, mas como agente de interesses estrangeiros.”
Rogério Correia (PT-MG)
Correia reforçou os pedidos já feitos anteriormente contra Jair Bolsonaro e agora incluiu Eduardo nas denúncias. Para ele, o filho do ex-presidente está tentando influenciar as investigações por meio de pressão política internacional.
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos e pode estar colaborando com Trump
Outro ponto importante é que Eduardo Bolsonaro está em licença do mandato e vive atualmente nos Estados Unidos. A Justiça brasileira avalia se ele está atuando para buscar interferência direta de Donald Trump nos processos que envolvem seu pai e outros aliados próximos.
Dentro do STF, há quem veja a postagem de Eduardo como prova de envolvimento em articulações internacionais contra o Brasil. Ou seja, ele pode ter se colocado numa situação ainda mais complicada ao expor suas ideias tão abertamente.
Eduardo pode ficar inelegível antes das eleições de 2026?
Sim. Se a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir apresentar denúncia contra ele, e o STF aceitar, Eduardo poderá ser julgado antes das próximas eleições. Caso seja condenado por um órgão colegiado, isso pode torná-lo inelegível, com base na Lei da Ficha Limpa.
Esse cenário deixaria Eduardo Bolsonaro fora da disputa eleitoral em 2026, o que teria um impacto direto no campo político da direita no Brasil.
Afinal, o que está em jogo?
Essa história vai muito além de um post em rede social. O que está em jogo aqui é a soberania do país, a autonomia das instituições brasileiras e os limites da atuação política de parlamentares no exterior.
Eduardo, como figura pública e filho de um ex-presidente, tem uma influência que não pode ser ignorada. Quando ele se alinha abertamente a um governo estrangeiro que impõe sanções ao Brasil, isso levanta um alerta — não apenas político, mas também jurídico.
E aí, o que você acha de tudo isso? Um deputado pode apoiar sanções de outro país contra o seu próprio? Onde termina a liberdade de expressão e começa o crime contra a soberania nacional?
Conclusão
Os próximos passos dependem da atuação da PGR e das decisões do STF, mas uma coisa é certa: essa história ainda vai render muitos capítulos.
A fala de Eduardo Bolsonaro reacendeu debates antigos e acendeu novas luzes sobre o papel dos representantes brasileiros no cenário internacional. Agora, cabe à Justiça decidir até onde vai o limite da lei — e da lealdade ao país.
Fonte: g1.globo.com
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Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/ Reprodução