Esporte em Montes Claros: Montes Claros acordou nesta segunda‑feira (30) com uma notícia daquelas que enchem de esperança quem ama bola e rede. A prefeitura acabou de sancionar dois projetos de lei que destinam R$ 800 mil ao Montes Claros Vôlei e outros R$ 800 mil ao North Esporte Clube. Dinheiro vivo, vindo dos cofres municipais e reforçado por emendas parlamentares, que promete dar fôlego a iniciativas de alto rendimento e, de quebra, a programas sociais voltados para crianças e jovens da cidade.
Dá pra imaginar a cena? Ginásio Tancredo Neves lotado na Superliga B, estádio Rubão pulsando no Módulo II do Mineiro… e a meninada, lá da arquibancada ou da escolinha, sonhando em ser o próximo grande nome do esporte norte‑mineiro.
Esporte em Montes Claros: Vôlei: tradição que se renova
Não é de hoje que o vôlei movimenta as quadras de Montes Claros. Desde 2009, a cidade figura em competições nacionais e, mesmo quando o time trocou de nome ou de patrocinador, a torcida seguiu firme — quase como um ritual de sexta‑à‑noite ir ao ginásio torcer “até perder a voz”. Com o novo aporte, a diretoria pretende ampliar os núcleos de iniciação esportiva, levar clínicas a escolas públicas e manter equipes de base em torneios estaduais.
E tem mimo para o servidor público municipal: entrada gratuita nos jogos da Superliga B e do Mineiro masculino. É aquela forcinha para encher as arquibancadas e transformar cada partida em um evento familiar. Quem mora longe pode até achar pouca coisa, mas, para a turma daqui, faz diferença ter lazer de qualidade sem precisar pegar estrada até Belo Horizonte.
North: o futebol que quer subir
Fundado só em 2022 e já campeão da Segunda Divisão de Minas no mesmo ano, o North vive um conto de fadas acelerado. Nesta temporada, o time chegou outra vez à fase final do Módulo II — o último degrau antes da elite estadual — e o acesso inédito parece logo ali, esperando uma bola bem cruzada.
O investimento municipal vem amarrado a resultados sociais: o projeto “Transformando Vidas através do Esporte” quer atender 180 crianças e adolescentes entre 11 e 17 anos, muitos em situação de vulnerabilidade. A garotada vai treinar de segunda a quinta, ganhar material esportivo, lanche reforçado e acompanhamento psicológico. Nada mal para quem, às vezes, nem tem chuteira própria.
Muito além do placar
Quando se fala em esporte, a discussão costuma girar entre vitórias, derrotas e tabela de classificação. Mas, cá entre nós, o buraco é mais embaixo. O prefeito Guilherme Guimarães defende que está usando o futebol e o vôlei como “porta de entrada para a cidadania”. Em outras palavras, a quadra vira sala de aula, o campo se transforma em laboratório de convivência e a comunidade ganha uma ferramenta a mais para driblar riscos sociais.
Pergunte a qualquer professor de educação física: disciplina, pontualidade e trabalho em equipe nascem de cada treino puxado. E se o jovem se encanta com um atleta profissional que mora ali na esquina, melhor ainda. O exemplo é de carne e osso, não um ídolo distante na TV.
Quem assina o cheque?
Os R$ 1,6 milhão saem dos cofres da prefeitura, mas não só. As emendas do deputado federal Marcelo Freitas e dos estaduais Gil Pereira e João Victor Xavier reforçam a bolada. O montante inicial cobre salários de comissão técnica, transporte para competições e custeio de projetos sociais.
“Há anos não víamos apoio tão estruturado aos clubes de alto rendimento”, comemorou Guimarães durante a solenidade de sanção, realizada no auditório da prefeitura na semana passada. Ao lado dele, vice‑prefeito, vereadores e representantes da comunidade fizeram coro à ideia de que esporte bem gerido vira cartão‑postal da cidade — e, de quebra, pode atrair patrocínios privados.
E na prática, o que muda?
Para o vôlei, a verba chega em boa hora. Depois da pandemia, muitos clubes sofreram para manter folha de pagamento e categorias de base. Em Montes Claros não foi diferente: alguns núcleos fecharam as portas temporariamente. Agora, a promessa é reabrir turmas, comprar material novo e bancar viagens a campeonatos que antes ficavam só no sonho.
Já o North terá condições de pagar despesas de logística — imagine cruzar Minas de ônibus todo fim de semana — e ainda bancar acompanhamento nutricional para a base, algo caro num clube que acaba de nascer. Se a equipe conquistar o acesso ao Módulo I, a visibilidade explode, os patrocínios crescem e a engrenagem gira quase sozinha. Por isso, o suporte público é visto como ponte para a autossustentação lá na frente.
Efeito cascata na garotada
Quem mora nos bairros mais afastados sabe o valor de uma quadra com iluminação decente ou de um campo com grama aparada. Não é só sobre competições profissionais; é ter um lugar seguro para brincar depois da escola. Quando o atleta do time da cidade aparece para dar clínica e bater papo, a molecada entende na prática que “dá pra chegar lá”.
Exemplo? As visitas do vôlei às colônias de férias municipais. Os meninos experimentam o saque flutuante, as meninas aprendem manchetes e, de quebra, todos ouvem sobre alimentação saudável e estudos. Num Norte de Minas em que índices de vulnerabilidade preocupam, cada criança ocupada com esporte é uma estatística a menos no risco social.
Vozes da comunidade
A costureira Dona Zeni, torcedora do vôlei desde a época do antigo BMG/Montes Claros, resume o sentimento: “Ô menino, quando o placar tá apertado e a torcida começa a cantar, não tem tristeza que segure. A gente sai leve, leve”. No bairro Eldorado, o pedreiro Seu Nalvares já sonha em ver o North disputar clássico contra o América‑MG: “Vai ser bom demais ver time da capital suando aqui no Rubão”.
Esses depoimentos simples explicam por que projetos assim ganham apoio unânime na Câmara. O esporte mexe não só com atletas, mas com a autoestima da cidade inteira.
Desafios no horizonte
Claro que nem tudo são flores. A continuidade dos projetos depende de prestação de contas rigorosa — afinal, dinheiro público exige transparência. Além disso, manter o engajamento da torcida fora da fase “oba‑oba” inicial é desafio constante. Se resultados não vierem rápido, arquibancada esvazia.
Outro ponto: será preciso garantir que as ações sociais não fiquem só no papel. Transporte para crianças da zona rural, refeições equilibradas e equipamentos de qualidade custam caro. A rede de parceiros — escolas, empresas e associações — terá função crucial para dividir a conta.
Um salto rumo ao futuro
Ainda assim, a sensação geral é de otimismo. Montes Claros, que já se orgulha de ser polo universitário e centro comercial do Norte de Minas, mira agora no título informal de “cidade do esporte”. Se vôlei e futebol derem liga, pequenos comerciantes vendem mais pipoca, hotéis recebem torcedores de fora e o município ganha exposição nos noticiários nacionais.
Você aí que está lendo: que tal separar um tempinho e prestigiar o próximo jogo? Talento mineiro não falta; incentivo, agora, também não.
Fonte: g1GrandeMinas
REPASSES DA PREFEITURA FORTALECEM O ESPORTE PROFISSIONAL NA CIDADE — Foto: Arlen Xavier/SECOM-PMMC
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