Galpão pega fogo no Centro de Salinas e põe cidade em alerta

PUBLICIDADE

Galpão pega fogo no Centro de Salinas com chamas altas e atuação dos bombeiros para conter o incêndio durante a madrugada.

Galpão pega fogo no Centro de Salinas: Quem mora em Salinas, no Norte de Minas, sabe que o fim de tarde de domingo costuma ser tranquilo: gente voltando da roça, cheiro de churrasco no ar e o vaivém preguiçoso na praça. Mas, às 18h20 do último dia 29, o sossego foi quebrado por um incêndio de grandes proporções que tomou conta de um galpão na área central da cidade. Em poucos minutos, o fogo iluminou o céu e atraiu olhares assustados de quem passava pela conhecida Rua João Pinheiro, via de ligação entre o comércio e a BR‑251.


Galpão pega fogo no Centro de Salinas: Como tudo começou

Segundo relato do proprietário, ele e a esposa arrumavam o estoque de tubos de PVC quando viram uma fagulha de fogos de artifício cair sobre a estrutura de plástico. A suspeita, ainda sem confirmação oficial, é que bombas de festa junina estouradas num lote próximo tenham gerado a faísca inicial. Salinas, famosa pela cachaça artesanal e pelas festas populares, vive junho e julho intensamente — mas, como lembra dona Marlene, moradora antiga, “tem hora que o foguete vira problema”.


Chamas avançam em minutos

Os tubos inflamáveis serviram de combustível extra. O fogo pulou de prateleira em prateleira, ganhou altura e, em pouco tempo, começou a lamber o telhado. Materiais agrícolas, tratores pequenos e até objetos de academia guardados num anexo viraram cinzas. Uma caminhonete estacionada ao lado do galpão teve parte da lataria e dos pneus derretidos antes de ser empurrada a braços por vizinhos corajosos.

Imagine a cena: labaredas de quase três metros, estalos de PVC derretendo e uma fumaça densa que podia ser vista do alto do morro do Cruzeiro. Moradores gravaram tudo com o celular, e os vídeos se espalharam rápido pelos grupos de WhatsApp na região de Taiobeiras, Montes Claros e Janaúba.


A corrida dos bombeiros

O 7º Pelotão de Bombeiros de Salinas foi acionado imediatamente. Três viaturas, 11 profissionais e cerca de 11 mil litros de água entraram em ação. Ao chegar, os militares dividiram o trabalho em duas frentes: uma linha de ataque direto às chamas pelo portão principal e outra pela lateral, onde havia risco de propagação para um depósito vizinho.

A Defesa Civil, que mantém base próxima à rodoviária, enviou caminhão‑pipa para reforçar o abastecimento. Foi aquele corre‑corre típico: mangueiras esticadas, sirenes ligadas e ordem para afastar curiosos. “Nesse tipo de ocorrência, a curiosidade atrapalha muito; qualquer tropicão numa mangueira pode atrasar o combate”, explicou o sargento Luiz Roberto.


Quatro horas de trabalho pesado

Foram quase 240 minutos de calor intenso. Quem acompanhou de perto garante que a temperatura invadiu as casas ao redor; vidros ficaram embaçados e o cheiro de plástico queimado tomou conta do quarteirão. Só por volta de 22h30 o fogo foi declarado controlado. A etapa seguinte—o rescaldo—é tão importante quanto apagar as chamas. Nela, os bombeiros vasculham escombros à procura de focos ocultos que possam reacender nas horas seguintes.

Para isso, mais mil litros d’água foram usados, garantindo que a cinza fria não escondesse brasa viva. Em paralelo, a Polícia Militar isolou a rua, desviou o trânsito e manteve rondas para evitar saques ao material parcialmente salvo.


Ninguém ficou ferido, mas o prejuízo é alto

A boa notícia: nenhuma vítima física. O casal que estava no galpão saiu correndo assim que notou o fogo, sem sequer pegar celular. Vizinhos também conseguiram deixar suas casas a tempo. Mesmo assim, o prejuízo financeiro assusta. Só em tubos de PVC, a estimativa inicial passa de R$ 300 mil; somam‑se equipamentos agrícolas, aparelhos de musculação e danos na caminhonete — um rombo que, segundo o proprietário, “vai levar tempo até fechar”.

A academia ao lado ainda calcula a perda. Foram esteiras derretidas, halteres retorcidos e a parte elétrica comprometida. Já o depósito vizinho teve parte do telhado chamuscado, mas a rápida ação dos bombeiros impediu algo pior.


Investigação em curso

Peritos do Corpo de Bombeiros e o setor de Criminalística da Polícia Civil colheram amostras de material elétrico, pedaços de PVC e restos de pólvora encontrados perto da porta. Embora a “fagulha de rojão” seja a principal linha de investigação, a hipótese de curto‑circuito não está descartada. Um laudo oficial deve sair em até 30 dias e poderá esclarecer se há responsáveis legais.

Vale lembrar que, em Minas Gerais, o uso de fogos de artifício em área urbana depende de autorização da prefeitura e obedece a horários específicos. Quem descumprir a regra pode responder por crime ambiental e pagar multa salgada.


Reflexo para a economia local

Salinas não é gigante — tem pouco mais de 40 mil habitantes — e boa parte da renda gira em torno do comércio de madeira, artesanato e, claro, da cadeia da cachaça. O galpão destruído distribuía tubos de PVC a serralheiros e construtores de toda a microrregião. Sem esse estoque, pequenas obras podem atrasar ou ficar mais caras, já que o material virá de Montes Claros ou Vitória da Conquista.

A prefeitura estuda liberar alvará emergencial para que o empresário instale operação provisória. Enquanto isso, associações de comerciantes lançaram campanha de doação de EPI’s — luvas, máscaras, botas — para reforçar a segurança de trabalhadores que agora precisam manusear entulho e restos de ferro quente.


Lição para o período das festas juninas

Junho e julho são meses de forró, quadrilha e, inevitavelmente, fogos de artifício. A tradição é forte no sertão mineiro, mas incidentes como esse acendem o alerta (sem trocadilho). O Corpo de Bombeiros reforça orientações simples:

  1. Solte fogos apenas em áreas abertas, longe de fiações e telhados de amianto.
  2. Mantenha extintor por perto quando houver grande quantidade de material inflamável.
  3. Evite armazenar produtos plásticos perto de fontes de calor — até o sol forte nas telhas metálicas pode iniciar combustão.
  4. Alerte vizinhos sobre queima de fogos para que afastem carros e objetos frágeis.

Quem já perdeu um bem nesses acidentes costuma repetir a mesma frase: “Se eu soubesse, teria tomado mais cuidado”. O recado vale para todo mundo, do morador simples ao comerciante maior.


Vozes da comunidade

Seu Renatinho, motorista de aplicativo, foi um dos primeiros a filmar o incêndio. Ele conta que sentiu um estalo no peito ao ver a fumaça: “Na hora pensei no tanto de gente que depende daquele galpão. É PVC que vai pra toda a região. Se perde, é prejuízo em cadeia”. Já a estudante Júlia Batista comentou no Instagram que ficou com medo de o fogo alcançar a rede elétrica: “Uai, se pega nos fios, a gente ficava no escuro”.

Esses depoimentos ajudam a entender a dimensão psicológica do sinistro. Não é só o bem material que se vai; é a segurança de quem vive ao redor.


Seguimos em frente

Nos dias seguintes, a rotina do Centro foi retomada aos poucos. Caminhões recolheram entulho, técnicos da prefeitura avaliaram a estrutura remanescente e o dono do galpão prometeu reerguer tudo “do jeito mineiro: com calma, mas sem parar”. Talvez leve semanas ou meses, porém a resiliência característica do povo do Norte de Minas não costuma falhar.

E fica a lembrança dolorosa de que fogo não escolhe hora nem lugar. Um descuido, um rojão solto fora de hora e o estrago aparece num piscar de olhos. Então, da próxima vez que você comprar fogos para animar a quermesse, vale relembrar: diversão e segurança precisam caminhar juntas.


Fonte: g1GrandeMinas

Incêndio atingiu galpão na noite desse domingo — Fotos: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Confira Também: Colisão na BR‑251 reacende debate sobre segurança: um morto e lições para quem cruza o Norte de Minas

Mais recentes

PUBLICIDADE

Rolar para cima