Obras da BR-135: A Câmara Municipal de Montes Claros realizou, nesta quinta-feira (15), uma audiência pública para discutir os impactos causados pelas obras da
, sob responsabilidade da concessionária ECO-135. O evento contou com a presença de líderes comunitários, representantes da empresa e moradores das regiões mais afetadas pelas intervenções na rodovia.
A BR-135, que conecta Montes Claros à capital Belo Horizonte, passou a ser administrada pela ECO-135 por meio de concessão de 30 anos iniciada em 2019. Desde então, a empresa deu início à duplicação de trechos e à construção de desvios. No entanto, essas intervenções têm gerado sérios transtornos para diversas comunidades rurais próximas, como Milivri, Borá, Mirante dos Anjos, Antônio Olinto, Parque Verde e Rio do Peixe.
Obras da BR-135 : Moradores Sofrem com Falta de Acesso e Erosões
Segundo a vereadora Graça da Casa do Motor, proponente da audiência, os impactos das obras vão além do esperado, afetando diretamente o meio ambiente e a mobilidade dos moradores. A parlamentar destacou que muitas estradas foram fechadas por muros de contenção, obrigando os moradores a percorrerem longas distâncias por vias de terra, perigosas e sem pavimentação.
“A comunidade de Santa Rita Rural precisa urgentemente do asfaltamento de 700 metros entre os quilômetros 387,5 e 388,3, como já foi feito nas comunidades de Planalto Rural e Lagoinha”, pontuou a vereadora.
Outro problema enfrentado por Santa Rita Rural é o escoamento inadequado da água, que tem causado danos às estradas, alagamento de casas e entupimento de nascentes devido à enxurrada misturada com entulho das obras. Durante a audiência, foi exibido um vídeo que mostra a gravidade da situação.
Falta de Estrutura e Segurança nas Comunidades
Na comunidade Santos Reis Rural, os moradores reivindicam a construção de vias paralelas para veículos de tração animal e a reabertura de estradas que foram bloqueadas por cercas.
Já na comunidade Santa Rita de Cássia, a instalação de barreiras e valas gerou insegurança para quem se locomove a pé ou de bicicleta. A representante Nádia Nunes pediu a construção de uma via alternativa segura para os moradores.
José Antônio Alves Dias, representante da associação local, criticou a instalação de uma passarela que, segundo ele, aumentou os riscos para os pedestres. “Não temos ponto de ônibus, a passarela não resolve, e o problema de escoamento atinge nossa lavoura e nascentes. Nos sentimos abandonados”, desabafou.
Placas Retiradas e Nascentes Comprometidas
Outra queixa recorrente foi a retirada de placas de identificação das comunidades durante as obras, o que prejudica o deslocamento, sobretudo de serviços essenciais como ambulâncias e transportes escolares.
Em Planalto Rural, os moradores exigem a reabertura de uma mureta para restaurar o acesso de pequenos agricultores, que atualmente precisam percorrer mais de três quilômetros para retornar. Em Lagoinha, o pedido é pela revitalização da nascente, danificada pelas obras da rodovia.
As comunidades de Mucambinho e Papa Mel pedem a construção de um retorno próximo, alegando que, sem ele, precisam ir até Montes Claros para conseguir voltar, o que afeta diretamente o transporte escolar e os atendimentos médicos.
ECO-135 se Defende e Reconhece Limitações
Representando a ECO-135, a gerente Amanda Marçal declarou que a empresa, junto ao Governo de Minas, tem buscado alternativas para minimizar os impactos sociais e ambientais. Segundo ela, embora o contrato tenha limitações, há empenho em executar melhorias além do previsto.
“O desenvolvimento econômico traz impactos que precisam ser mitigados. Sabemos que vidas estão em risco, e nosso papel é garantir a segurança viária e buscar soluções”, afirmou Amanda.
O engenheiro Guilherme Santini, também da ECO-135, explicou que apenas 40% da BR-135 está prevista para duplicação no contrato atual. Ele também disse que ainda há muitos serviços de drenagem e infraestrutura em andamento, e que a empresa está realizando obras fora do contrato para atender às necessidades das comunidades.
População Pede Mais Agilidade e Respeito
Encerrando a audiência, a vereadora Graça reforçou que, mesmo que as demandas apresentadas não estejam previstas no contrato da concessionária, a empresa tem responsabilidade social com a população. “Estamos falando de vidas. É preciso agir com mais agilidade e sensibilidade”, finalizou.
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