Tarifa de 50% sobre produtos do Brasil: Trump bate de frente com Lula e gera tensão internacional

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Donald Trump em evento político nos Estados Unidos; republicano anuncia tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em carta a Lula. Foto: Daniel Torok via Fotos Públicas.

A notícia caiu como uma bomba no cenário internacional e promete esquentar ainda mais a relação entre Brasil e Estados Unidos. Nesta quarta-feira (9), o ex-presidente americano Donald Trump enviou uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA.

Sim, você leu certo. A partir de 1º de agosto, qualquer produto que sair daqui com destino aos Estados Unidos vai pagar esse imposto extra. E isso pode mexer – e muito – com a nossa economia.


Tarifa de 50% sobre produtos do Brasil: Um recado direto de Trump para o Brasil

Na carta, Trump faz críticas pesadas ao governo brasileiro. Ele não esconde sua insatisfação com o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, dizendo que é uma “vergonha internacional” e chamando o processo de “caça às bruxas”.

Segundo o republicano, a decisão de aplicar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros tem a ver com o que ele considera ataques do Brasil à liberdade de expressão — principalmente relacionados a plataformas americanas como X (antigo Twitter), Facebook e YouTube.

Trump alega, sem apresentar provas, que o Supremo Tribunal Federal (STF) teria emitido ordens de censura “secretas e ilegais” contra essas empresas. Pra ele, isso viola princípios democráticos dos EUA e justifica a medida.


E agora? O que essa tarifa significa na prática?

Bom, essa tarifa de 50% atinge todos os produtos brasileiros que forem exportados aos EUA. Isso mesmo: tudo o que sair do Brasil para lá vai pagar metade do valor em imposto.

Produtos como aço, alumínio, carne, café, couro, frutas e até calçados podem ser impactados. E, como consequência, pode haver:

  • Queda nas exportações
  • Menor demanda por produtos brasileiros
  • Redução da produção e possíveis demissões em alguns setores
  • Reajustes de preços aqui dentro, para compensar a perda lá fora

Ou seja, mesmo quem nunca exportou nada pode acabar sentindo no bolso, principalmente se trabalha ou consome itens ligados ao agro ou à indústria.


Mas o Brasil realmente explora os EUA no comércio?

Essa é a parte curiosa da história.

Trump afirma que a relação comercial é “injusta” para os americanos. Diz que o Brasil impõe muitas barreiras e tarifas, o que teria gerado um “déficit insustentável” para os EUA.

Mas os dados mostram o contrário.

Desde 2009, o Brasil tem registrado déficits comerciais com os Estados Unidos. Isso quer dizer que a gente compra muito mais deles do que vendemos pra lá. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a diferença chegou a US$ 88 bilhões nos últimos 16 anos. É dinheiro demais saindo do Brasil.

Ou seja, se alguém está ganhando mais com essa relação, são os americanos — não a gente.


Motivos políticos por trás da medida… ou seria só comércio?

É claro que esse tipo de decisão nunca acontece no vácuo. E aqui entra uma discussão interessante.

Muitos especialistas afirmam que a atitude de Trump tem uma carga política enorme. Afinal, ele está em campanha e precisa reforçar seu discurso nacionalista de “América em primeiro lugar”. Além disso, ele tem um histórico de amizade e apoio ao ex-presidente Bolsonaro — e a carta a Lula parece, no mínimo, uma tentativa de interferência política.

Mas vale o contraponto: do ponto de vista comercial, Trump sempre foi duro com outros países, inclusive aliados históricos. Durante sua presidência anterior, ele aplicou tarifas pesadas até contra o Canadá e a União Europeia. Então, essa não é exatamente uma novidade no estilo Trump de governar.

A diferença é que agora ele mistura isso com críticas abertas ao STF brasileiro e à condução política interna do Brasil. E isso, claro, acende o sinal vermelho.


Produzam nos EUA, diz Trump

Na mesma carta, Trump ainda oferece uma “solução” para escapar da tarifa: que as empresas brasileiras abram fábricas nos Estados Unidos.

Ele promete agilizar processos e até facilitar aprovações para quem quiser produzir direto lá. Mas a proposta levanta uma dúvida importante: isso ajuda quem?

Na prática, isso poderia significar menos indústrias no Brasil, menos empregos aqui, e uma fuga de investimentos para os EUA. Ou seja, uma solução que pode funcionar para os americanos, mas que não parece nada vantajosa para a gente.


E o governo Lula, vai responder?

Até agora, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou oficialmente sobre a carta e as tarifas. Mas fontes do governo indicam que a equipe econômica está analisando a situação com cautela.

A expectativa é que o Brasil recorra à Organização Mundial do Comércio (OMC), e que busque alternativas diplomáticas antes de pensar em retaliar.

Retaliações, aliás, seriam um caminho perigoso. Uma escalada de “você taxa aqui, eu taxo ali” pode desencadear uma guerra comercial, que ninguém quer — principalmente num cenário já pressionado por inflação, juros altos e incertezas globais.


No fim das contas, quem perde somos nós?

Sim, e não só nós.

Quando duas potências entram em conflito comercial, o impacto vai muito além dos números. Afeta trabalhadores, empresários, consumidores… e até a confiança entre os países.

A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Trump é, antes de tudo, um sinal de que as tensões políticas e ideológicas podem se transformar rapidamente em medidas econômicas duras.

Seja qual for a resposta do Brasil, o momento agora é de cautela. O importante é agir com inteligência, sem deixar que interesses eleitorais de lá ou de cá acabem prejudicando milhões de pessoas que só querem trabalhar, produzir e viver em paz.


Veja a carta na íntegra:

9 de julho de 2025
Sua Excelência
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília

Prezado Sr. Presidente:

Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!

Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta.

Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco.

Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.

Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!

Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil.

Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América.

Muito obrigado por sua atenção a este assunto!

Com os melhores votos, sou,
Atenciosamente,
DONALD J. TRUMP
PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


Imagem de Donald Trump durante pronunciamento; ex-presidente dos EUA impõe tarifa de 50% sobre exportações brasileiras em meio a críticas ao governo Lula. Foto: Daniel Torok via Fotos Públicas.
Trump manda carta a Lula e anuncia tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — Foto: Reprodução
Donald Trump discursa em comício e anuncia nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, aumentando tensão com o governo Lula. Foto: Daniel Torok via Fotos Públicas.
Trump manda carta a Lula e anuncia tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — Foto: Reprodução

Fonte: g1.globo

Foto: Daniel Torok via Fotos Públicas

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