Um “alô” que virou balde de água fria
Trump decepcionado com Putin: Quem nunca desligou o telefone pensando “poxa, podia ter sido melhor”? Pois é, foi exatamente assim que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu sua ligação com Vladimir Putin na última quinta‑feira (3). Ao chegar de volta a Washington, ele contou aos repórteres que saiu “muito desapontado” porque, na visão dele, o líder russo não demonstra vontade nenhuma de encerrar a guerra contra a Ucrânia.
Por que essa ligação importava tanto?
Para os Estados Unidos — e, sinceramente, para boa parte do mundo — cada conversa direta entre Washington e Moscou carrega a esperança de um respiro num conflito que já dura mais de três anos. Só que, segundo Trump, o papo de quase uma hora não passou de “marca passo”: muito barulho, poucos passos à frente. Ele afirmou que “não fez progresso” algum e que Putin parece longe de aceitar um cessar‑fogo.
Próximo destino do telefone: Kiev
Diante do silêncio de Putin, Trump decidiu insistir num outro número. O presidente norte‑americano avisou que ligará para Volodymyr Zelensky, líder da Ucrânia, nesta sexta‑feira (4). O objetivo? Entender de perto o impacto da pausa — ou, como a Casa Branca prefere dizer, “revisão temporária” — no envio de armas dos EUA a Kiev. Zelensky, que já havia sinalizado ansiedade sobre o tema, pretende cobrar a retomada desses equipamentos, fundamentais para reforçar as defesas aéreas do país
Ataques continuam mesmo com o telefone tocando
Enquanto linhas diplomáticas tentam se cruzar, mísseis e drones continuam cortando o céu ucraniano. Horas depois da ligação de Trump com Putin, um ataque russo com drones incendiou um prédio nos arredores de Kiev. Explosões, tiros de metralhadora e mais cinco mortes no leste do país lembraram que, na prática, a guerra não dá trégua, mesmo quando os poderosos estão ao telefone.
Pressão dentro de casa
Não é só Zelensky que está de olho no que Trump vai fazer. Dentro do próprio Partido Republicano cresce o coro dos que pedem medidas mais duras contra Putin. Alguns congressistas conservadores argumentam que o Kremlin só vai mudar de ideia quando sentir o bolso — e o campo de batalha — apertarem de verdade. Para completar, analistas em Washington alertam que a imagem de “negociador forte” vendida por Trump pode sofrer arranhões se ele não mostrar resultados concretos logo.
A pausa nos armamentos: sinal amarelo ou vermelho?
Na conversa com jornalistas, Trump tentou explicar o freio parcial nos envios militares. Segundo ele, o governo anterior, de Joe Biden, teria mandado “armas demais” e deixado as próprias defesas norte‑americanas vulneráveis. Zelensky, claro, discorda. O presidente ucraniano lembra que sistemas como o Patriot são vitais para interceptar mísseis russos — especialmente depois dos bombardeios mais pesados registrados nesta semana. Para o cidadão comum, a leitura é simples: sem suporte constante, a Ucrânia fica com a guarda baixa.
E o Brasil com isso?
Pode até parecer um assunto distante, mas a postura de Washington influencia diretamente os preços de commodities, a cotação do dólar e até o humor da Bolsa brasileira. Se a guerra se prolonga, fertilizantes vindos da Rússia encarecem, o agronegócio sente e o tomate no mercado do bairro sobe. Além disso, o Itamaraty acompanha de perto: afinal, o Brasil tenta manter pontes com Moscou e Kiev ao mesmo tempo, tarefa digna de malabarista.
Dá para esperar um desfecho rápido?
Sinceramente? Difícil. O próprio Trump admitiu que Putin “não está buscando parar”. E, se a avaliação do presidente dos Estados Unidos for mesmo verdadeira, resta pouca margem para manobras diplomáticas instantâneas. Agora, com a conversa com Zelensky no radar, o mundo aguarda para ver se Trump apresenta algum novo pacote de armas, mais sanções ou apenas retórica. Enquanto isso, drones seguem voando, e civis continuam sendo os maiores prejudicados.
No fim das contas, o que fica?
A ligação frustrada reforça a sensação de impasse: de um lado, um Kremlin que não sinaliza recuo; do outro, uma Casa Branca pressionada a agir sem mergulhar de cabeça no conflito. Trump ensaia um equilíbrio delicado entre mostrar força e evitar que a guerra vire pauta doméstica negativa. O próximo capítulo dessa novela internacional será escrito com Zelensky ao telefone — e, quem sabe, com algum anúncio que mude o jogo. Até lá, seguimos na torcida por um acordo que, de fato, silencie as bombas.
Fonte: cnnbrasil
Foto: Joyce N. Boghosian / Via Fotos Públicas