A relação entre Brasil e Estados Unidos ganhou mais um capítulo tenso nos últimos dias. A Trump Media e a plataforma Rumble apresentaram uma petição na Justiça americana alegando que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria emitido uma nova ordem ilegal contra uma big tech norte-americana. E isso pode acabar piorando o clima já delicado entre os dois países.
Trump Media acusa Moraes: O que está acontecendo?
Na sexta-feira (11), Moraes teria determinado o bloqueio da conta do comentarista político Rodrigo Constantino na plataforma Rumble. Segundo o documento apresentado pela empresa nos EUA, a ordem inclui três exigências: tirar a conta do ar, preservar todos os conteúdos publicados e fornecer os dados do usuário para a Justiça brasileira.
Mas aí vem o ponto central do conflito: essa decisão teria sido tomada sem qualquer aviso ao governo americano, o que, para os advogados da empresa, fere acordos internacionais e levanta sérias preocupações sobre soberania e liberdade de expressão.
Por que isso é tão sério?
Se você está achando que isso é só mais uma briga na internet, vale a pena olhar mais de perto. A conta de Constantino estaria inativa desde dezembro de 2023, e o próprio acesso mais recente teria sido feito nos Estados Unidos. Ou seja, nem mesmo estaria ativa no Brasil — que, inclusive, bloqueou a Rumble no país desde fevereiro de 2025.
E aqui vem o detalhe que dá ainda mais peso à história: Rodrigo Constantino é cidadão americano e vive na Flórida. Isso transforma a ação brasileira em algo que, segundo a empresa, ultrapassa fronteiras legais — uma espécie de tentativa de aplicar a lei brasileira dentro dos EUA.
E o Trump nisso tudo?
Como se já não bastasse a polêmica em torno de Moraes, a situação ganhou uma nova camada com a recente decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos. A justificativa? Exatamente o que está acontecendo com as empresas americanas, como a Rumble: perseguição e bloqueios sem base legal clara.
O documento apresentado pela Trump Media diz que essa nova ordem de Moraes chegou apenas dois dias depois de Trump enviar uma carta formal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrando preocupação com o tratamento dado às big techs dos EUA. Coincidência? Para os advogados da empresa, parece mais uma resposta direta às pressões diplomáticas.
Rodrigo Constantino: o centro da polêmica
Quem acompanha o cenário político já deve ter ouvido o nome de Rodrigo Constantino. Ele é conhecido por suas críticas duras ao Supremo Tribunal Federal e por levantar suspeitas sobre as eleições de 2022. Por conta disso, já foi alvo de diversas decisões judiciais — como suspensões de contas nas redes sociais, bloqueio de bens e até a invalidação de seu passaporte brasileiro.
Agora, a nova petição o trata como um “dissidente político”, termo geralmente usado para pessoas perseguidas por motivos ideológicos. A defesa alega que tudo o que ele publicou são opiniões políticas, feitas de dentro dos EUA, e que, por isso, não deveriam ser julgadas segundo as leis brasileiras.
O que dizem os advogados?
Martin de Luca, advogado da Rumble, não poupou críticas. Ele afirmou que a decisão de Moraes “ignora completamente as leis dos Estados Unidos e os compromissos assumidos pelo Brasil”. Segundo ele, trata-se de uma “escalada irresponsável” e que pode levar o Brasil a uma crise diplomática ainda mais grave com os EUA.
A defesa ainda argumenta que não há nenhuma base legal para obrigar uma empresa americana a fornecer dados de um cidadão americano a um governo estrangeiro, especialmente sem passar pelos trâmites formais — como tratados internacionais ou cooperação jurídica.
E o Brasil, como fica nessa?
De um lado, temos o Judiciário brasileiro tentando agir contra discursos considerados perigosos ou que incitem a desordem. De outro, empresas americanas e o próprio governo dos EUA vendo essas ações como censura e invasão de soberania.
A tensão gerada por esse episódio pode atrapalhar ainda mais as relações comerciais entre os países. Pessoas ligadas à Casa Branca, segundo a CNN, disseram que essa nova ordem de Moraes complica qualquer negociação para reverter o tarifaço de Trump.
E pior: a conta que o ministro pediu para bloquear já está inacessível para usuários brasileiros, tornando a medida ainda mais controversa.
O que tudo isso significa na prática?
Para o cidadão comum, esse tipo de conflito pode parecer distante. Mas tem impactos reais. Se a tensão entre os dois países aumentar, pode afetar acordos comerciais, importações, exportações e até o preço de produtos. Além disso, levanta uma discussão cada vez mais importante: onde termina a liberdade de expressão e onde começa o abuso? E até onde o Estado pode ir para controlar isso, especialmente quando envolve outro país?
São perguntas difíceis e que ainda devem render muito pano pra manga.
Foto: Rosinei Coutinho/STF/ Via Fotos Públicas
Fonte: cnnbrasil
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